terça-feira, 24 de junho de 2014

Será que estou grávida? Sinais e sintomas da gravidez!

Olá gente! Vamos falar um pouquinho sobre o que a mulher sente e apresenta quando está grávida...   

Assim que ocorre a fecundação ocorre uma série de reações hormonais no organismo, causando inúmeras alterações no organismo da mulher. As vezes, antes mesmo que ela perceba o atraso menstrual, outros sinais e sintomas já apontam.   Existem diversos desses sinais e sintomas que irei listar e explicar aqui, que servem de alerta para que a mulher procure logo um método diagnóstico e comece o mais cedo possível o pré-natal, caso a gravidez seja comprovada. Esses sinais e sintomas não servem de regra para todas as mulheres, eles vão variar entre as mulheres e entre as gestações de uma mesma mulher...   Lembrando que muitos dos sintomas precoces da gestação podem se assemelhar aos desconfortos pré-menstruais que estamos acostumadas a sentir. Para a mulher que não está tentando engravidar, não fica muito atenta para os sinais do seu corpo e o inicio da gestação pode passar despercebida.Vamos ao que interessa! Irei listar e em seguida explicar o por que desses sinais e sintomas!( só para tirar a dúvida pra quem tiver: Sintoma: Aquilo que a pessoa sente e descreve para que outra pessoa saiba o que ela está sentindo. Ex: dor. Sinal: Aquilo que outra pessoa pode ver sem ser preciso descrevê-la. Ex: febre)

  1. Pequeno sangramento vaginal: Uma vez fecundado o óvulo por um espermatozoide, o agora embrião percorre as trompas e se implanta na parede do útero em 6 a 12 dias. Esta implantação pode causar um pequeno sangramento uterino, que muitas vezes é confundido com uma menstruação que está para chegar.
    Como esse sangramento costuma ocorrer próximo ao período em que a menstruação é esperada, algumas mulheres o tratam como uma menstruação que veio fraca e nem desconfiam que este é o primeiro sinal da sua gravidez. A implantação do ovo no útero é apenas uma das várias causas de sangramento vaginal na gravidez. Mais de 20% das grávidas apresentam algum sangramento vaginal no primeiro trimestre de gestação.
  2. Cólicas ou dor abdominal: Além de um sangramento leve, a gravidez inicial pode causar algum desconforto na parte inferior do abdômen, às vezes, uma sensação de inchaço na barriga, mimetizando os sintomas que surgem dias antes da menstruação.Conforme a gravidez avança, leves contrações uterinas podem se tornar comuns, que é uma espécie de treino do útero para quando chegar a hora de contrair de verdade durante o trabalho de parto. Estes incômodos e cólicas do início da gravidez, quando associados a um sangramento vaginal, pode muito bem enganar as grávidas, fazendo-as pensar que menstruaram. Durante a gravidez, o útero sofre alterações constantes, inclusive de tamanho, o que estimula o aparecimento de algumas contrações uterinas, sentidas pela mulher como cólicas. É comum também uma sensação de peso na parte inferior do ventre.
  3. Atraso da menstruação: O atraso da menstruação é o sinal clássico de gravidez. É geralmente o sinal que faz com que a mulher procure fazer um teste para saber se está grávida. Todavia, nem todas as mulheres sentem facilidade em reconhecer este sintoma de gravidez. Algumas mulheres têm ciclos menstruais muito irregulares, apresentando, inclusive, períodos de anovulação (não ovulam durante um determinado mês), fazendo com que haja quase dois meses entre uma menstruação e outra. Além disso, como explicado acima, o sangramento vaginal no início da gravidez não é um evento raro, fazendo com que a interrupção da menstruação não seja imediatamente identificada. É importante ressaltar que a menstruação pode atrasar por vários outros motivos que não uma gravidez, entre eles, estresse, infecções, troca de anticoncepcional, alterações o peso, cansaço… A própria expectativa pela menstruação, quando a mulher não quer de jeito nenhum engravidar, mas se descuidou tendo relações sexuais desprotegidas, pode causar um atraso menstrual.
  4. Aumento dos seios: Outro sinal típico de gravidez, o aumento das mamas pode surgir com apenas uma ou duas semanas de gestação. Além de maiores, as grávidas podem sentir os seios mais sensíveis e com sensação de inchaço. Às vezes, o simples ato de tocar nos seios ou vestir o sutiã torna-se incômodo. O aumento dos seios ocorre por alterações hormonais que promovem a estimulação das glândulas mamárias, preparando-as para o período de amamentação que virá nos próximos meses. Em algumas mulheres, estas alterações ocorrem precocemente, enquanto outras só notam alterações nas mamas após passadas várias semanas de gravidez.
  5. Alterações na aparência das mamas: Além do aumento de volume, os hormônios produzidos na gravidez fazem as mamas das grávidas mudar de aparência. É comum haver escurecimento dos mamilos e aparecimento de veias ao redor dos seios. Estas alterações duram até o fim da amamentação.
  6. Náuseas e vômitos: As náuseas e vômitos da gravidez costumam surgir entre a 6ª e a 12ª semana de gestação. Entretanto, há mulheres que apresentam estes sintomas já na 2ª ou 3ª semana de gravidez. Náuseas e vômitos são sintomas típicos do primeiro trimestre de gravidez e tendem a desparecer no segundo trimestre. Em alguns casos, os enjoos da gravidez são tão intensos que a mulher não consegue nem se alimentar. Casos graves, com necessidade de apoio médico, são chamados de hiperemese gravídica.
  7. Prisão de ventre: O aumento da produção do hormônio progesterona na gravidez faz com que alguns órgãos e tecidos do corpo fiquem mais “frouxos” ou “relaxados”. Isso ocorre de forma a facilitar a grande expansão de volume do útero que está por vir. Um dos órgãos que sofre esta ação são os intestinos, que ficam com menor capacidade de contrair, tendo mais dificuldade de manter o transito intestinal normal. Portanto, um sintoma de gravidez pouco comentado é a constipação intestinal (prisão de ventre).
  8. Barriga inchada: Você jurava que até a semana passada cabia naquela calça jeans super justa, e agora, de repente, a calça já não fecha mais na barriga. Mesmo quando o feto ainda é muito pequeno para causar expansão do útero, algumas mulheres podem notar um certo inchaço na região abdominal, que ocorre já como preparação do corpo para suportar o crescimento uterino. Esse inchaço é outro sintoma que pode ser confundido com os sintomas pré-menstruais.
  9. Cansaço e sono excessivo: Uma sensação de cansaço desproporcional às suas atividades diárias é um sintoma de gravidez muito comum. Esta fadiga pode surgir com apenas uma semana de gestação. Se você já tem uma rotina cansativa durante o dia, ela pode se tornar exaustiva. Aumento do sono também é muito comum. O seu corpo dá sinais de que precisa descansar com mais frequência. Você pode começar a querer ir para a cama mais cedo e ter mais dificuldade do que o habitual para acordar pela manhã. Durante o dia, uma boa soneca parece ser tudo o que você mais deseja. O cansaço também é um sintoma do início da gravidez que habitualmente desaparece no segundo trimestre.
  10. Aumento da frequência urinária: Nas primeiras semanas o aumento da urina ocorre por redução da capacidade da bexiga se esvaziar completamente, devido ao relaxamento provocado pelos hormônios da gravidez. No final da gravidez, o feto muito grande comprime a bexiga, reduzindo sua capacidade de armazenamento e fazendo com que pequenos volumes já desencadeiem vontade de urinar. O aumento da frequência urinária é um sintoma de gravidez que surge precocemente, ocorre em praticamente 100% das grávidas e que, infelizmente, dura até o final da gestação.
  11. Desejos alimentares: O desejo por certas comidas nas primeiras semanas de gestação é um dos sintomas mais clichés da gravidez. O desejo por alguns alimentos pode até fazer mulheres vegetarianas sentirem vontade de comer hambúrguer. Do mesmo modo que surgem desejos, as grávidas também podem apresentar aversões a certas comidas e/ou cheiros. Aquele restaurante japonês que você adora, durante uma gravidez pode lhe causar náuseas só de passar pela porta.
  12. Alterações no paladar e olfato: Além de ter desejos e aversões alimentares, a mudança de paladar é um outro sintoma muito comum de gravidez. Doces podem ser tornar demasiadamente doces, o café que você adora passa a ter um sabor esquisito e durante o dia você pode sentir um gosto de metal na boca sem nenhum motivo aparente.
  13. Aversão a odores fortes: Assim como alguns alimentos causam enjoos nas primeiras semanas de gravidez, odores intensos, mesmo que agradáveis, como os de perfumes ou comidas, podem fazer você se sentir enjoada. Odores ruins ou muito fortes, como fumaça de cigarro, gasolina, álcool, produtos de limpeza, etc., causam o mesmo efeito.
  14. Eliminação frequente de gases: Algumas mulheres experimentam um aumento dos gases intestinais nas primeiras semanas de gravidez. Este pode ser um sintoma embaraçoso nos casos em que a gestante precisa ficar horas presa dentro de um escritório ou sala com outras pessoas. Há aumento na necessidade de arrotar e de soltar flatos (pum).
  15. Tonturas: Tonturas é um dos daqueles clássicos sintomas de gravidez que aparecem em todos os filmes quando a personagem fica grávida. Os hormônios da gravidez provocam diversas alterações no organismo da mulher, que realmente podem provocar tonturas, entre elas estão a queda da pressão arterial, redução do níveis de açúcar no sangue, anemia, aumento da frequência respiratória (que pode levar a uma hiperventilação durante um esforço físico), alimentação insuficiente devido aos enjoos, etc.
  16. Variações de humor: Outro sintoma de gravidez que todo mundo já viu em filmes. A grávida pode chorar até quando vê comercial de televisão. Coisas pequenas podem ganhar uma relevância desproporcional. Variações súbitas de humor também são comuns, a grávida pode ir da alegria à tristeza ou da simpatia a explosões de mau humor com pessoas próximas de uma hora para outra.
  17. Dor de cabeça: Alterações hormonais, relaxamento dos vasos sanguíneos e alterações do fluxo sanguíneo cerebral explicam por que algumas grávidas passam a ter dor de cabeça durante a gestação. O estresse e o cansaço também contribuem. A dor de cabeça é um sintoma que costuma surgir já nas primeiras semanas de gravidez.
  18. Dor nas costas: O excesso de peso que a grávida tem que carregar na barriga por meses é a principal causa das suas dores lombares. Porém, a dor lombar pode surgir precocemente, antes do bebê estar muito pesado. A progesterona causa um relaxamento da musculatura e dos ligamentos de várias partes do corpo, incluindo das costas e abdômen, fazendo com que a grávida altere sua postura e tenha dificuldades de lidar com o próprio peso.
  19. Cravos e espinhas: Alterações hormonais podem fazer com que algumas grávidas desenvolvam acne ou apresentem agravamento da acne que já possuíam antes. No sexo feminino, acne está muito relacionada a desbalanços dos hormônios sexuais, que provocam aumento da oleosidade da pele. A acne na gravidez pode ser leve ou grave e pode surgir em qualquer momento da gestação.
  20. Corrimento vaginal: O surgimento de corrimento vaginal ou intensificação do seu corrimento habitual são sintomas normais na gravidez. Em geral, o corrimento da gravidez é igual ao corrimento fisiológico que algumas mulheres têm, sendo este espesso, leitoso ou transparente, e sem odor.
   Pronto! Estão aí um leque de sinais e sintomas que uma mulher pode apresentar no início da gestação. Como já citado, não é obrigatório que todos eles se manifestem, a intensidade e a quantidade irão variar de mulher pra mulher e gestação pra gestação!
   Importante dizer que esses sinais e sintomas não são exclusivos da gravidez. Várias doenças podem provocar sintomas semelhantes. Portanto, o diagnóstico definitivo deve ser obtido através da dosagem do BhCH, seja ele na urina ou no sangue.

   Saber precocemente que está grávida é essencial para que a mulher inicie o pré-natal o mais cedo possível. As mulheres que ficam sabendo da gravidez em estágios iniciais podem tomar medidas que beneficiam o feto, tais como, melhorar o controle de glicose no sangue, aprimorar a dieta, usar suplementos como ácido fólico e ferro, vigiar a pressão arterial, tratar infecções precocemente e evitar o consumo de álcool ou drogas potencialmente nocivas ao bebê no primeiro trimestre de gestação.

Referências:
http://www.mdsaude.com/2012/01/sintomas-gravidez.html
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sexta-feira, 20 de junho de 2014

Parto Normal Após Cesárea! É possível???



    Aproveitando a notícia do dia que fala sobre o nascimento do filho da cantora Wanessa Camargo de parto normal após cesárea, vamos falar um pouco sobre o VBAC e sanar algumas dúvidas!!!


    Por que o parto de Wanessa virou notícia e deixou todas as ativistas do parto normal alegres??
   Bem! VBAC é uma sigla em inglês que significa Vaginal Birth After Cesarean, ou parto vaginal após cesárea. O que ocorre é o seguinte: Os médicos alegam que uma mulher que já teve cesárea, principalmente com menos de dois anos, não pode parir pois pode romper o útero. Ou seja, uma vez cesárea, sempre cesárea!!! 
   Massss, na prática estamos tendo a comprovação de que parto normal após cesárea É POSSÍVEL SIM!!!
    Vamos para o que falam os relatos históricos e as pesquisas:

  Em 1916, um autor chamado Edwin Craigin terminou um artigo no qual ele advertia sobre as cesarianas desnecessárias, conclamando os colegas a evitar uma primeira cesárea (que ele chamou de "cirurgia obstétrica radical), com uma frase que se tornou famosa: "once a cesarean, always a cesarean" (uma vez cesárea, sempre cesárea" (1). Apesar de o próprio Craigin ter elencado uma série de exceções para essa regra, como o caso de uma paciente sua que teve três partos vaginais depois de uma cesárea (fato notável, uma vez que na época a incisão uterina padrão era corporal), a frase acabou se disseminando no meio obstétrico como um axioma indicando a OBRIGATORIEDADE DE SE REPETIR A EXTRAÇÃO FETAL POR CESÁREA DEPOIS DE UMA PRIMEIRA CESÁREA. No entanto, a própria disseminação da "cirurgia obstétrica radical", que em 1916 ainda era muito rara, tornou relativamente comuns as gestações depois de uma cesárea, e da mesma forma começaram a ser publicados os relatos de Parto Vaginal Após Cesárea (PVAC), ou Vaginal Birth After Cesarean (VBAC).
  De acordo com o National Institutes of Health (NIH), desde 1996, cerca de um terço dos hospitais e metade dos médicos pararam de prestar cuidados para VBAC. Em 1996, a taxa de VBAC em os EUA foi de 28%. Hoje é menos de 10%. Um relatório sobre as tendências da casa parto vaginal após uma cesariana indica que a recusa de acesso aos cuidados de VBAC levou um número crescente de mulheres a lutar por um VBAC em casa.
   Os riscos de complicações graves de um VBAC são menos de 1%. A razão dada por médicos e instituições de negar assistência médica para essas gestantes não têm nenhum fundamento na ciência. Negar atendimento para VBAC também apresenta um claro conflito de interesses para os fornecedores e instituições que querem se proteger de um possível processo por imperícia médica, uma explicação frequente dado a negar atendimento.
   Para as mulheres de baixo risco, os riscos de se ter um VBAC são as mesmas que para qualquer outra mulher que dá à luz pela primeira vez!!!
   O risco é a possibilidade de uma ruptura uterina, a separação da cicatriz uterina da cesariana anterior. É uma emergência médica grave que ocorre em menos de 1% dos partos vaginais após cesárea e requer uma cesariana de imediato. Hospitais que negam às mulheres a opção de parir após uma cesariana dizem que não podem fornecer uma "imediata" cesariana de emergência, como recomendado no Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas (ACOG) diretrizes para VBAC. Mas, os Institutos Nacionais de Saúde concluíram que não há nenhuma evidência para apoiar as recomendações de segurança seletivas do ACOG para VBAC. A recomendação "imediatamente disponível" foi baseado no consenso e na opinião de especialistas, em vez de um forte apoio de evidência de alta qualidade. Dezenas de organizações de cuidados de maternidade e os indivíduos também se opôs às diretrizes restritivas.
    As mulheres que dão à luz pela primeira vez também estão em risco de complicações imprevisíveis que requerem uma cesariana de emergência. O NIH encorajou os líderes em cuidados de maternidade e as companhias de seguros a trabalhar juntos para mudar o status e dar para mais mulheres acesso a cuidados médicos para aquelas que querem  um VBAC. ACOG e a Sociedade de Medicina Materno-Fetal admitiu recentemente  que muitas cesarianas estão sendo realizados expondo mães e bebês a danos evitáveis ​​sem melhores resultados. 
Os médicos têm a obrigação de fornecer as mulheres com uma cesariana prévia informações sobre os benefícios e riscos tanto para repetição cesariana e para um VBAC. As mulheres têm o direito a um consentimento informado ou recusa informada de qualquer opções com base nas informações precisas fornecidas.

Mulheres grávidas têm o direito fundamental de escolher como, onde e com quem elas querem dar à luz!!!


Olha aí mamães, futuras mamães e demais leitores o que acharam do assunto? Para as mães que já tiveram um VBAC, compartilhem seus depoimentos conosco!!!

Referências:

http://estudamelania.blogspot.com.br/2012/08/estudando-vbac-1-experiencias-de-vba3c.html
http://maternar.blogfolha.uol.com.br/2014/06/19/nasce-de-parto-normal-segundo-filho-de-wanessa-camargo/
http://www.vbac.com/










terça-feira, 17 de junho de 2014

Boas práticas de atenção ao parto e nascimento segundo a OMS!

Você sabe quais as práticas que trazem benefícios e prejuízos para o trabalho de parto e parto? Vamos conhecer o que diz a Organização Mundial de Saúde!!!



   Em 1996, a Organização Mundial da Saúde (OMS) desenvolveu uma classificação das  práticas comuns na condução do parto normal, orientando para o que deve e o que não deve ser  feito no processo do parto. Esta classificação foi baseada em evidências científicas concluídas  através de pesquisas feitas no mundo todo.

CATEGORIA A - PRÁTICAS DEMONSTRADAMENTE ÚTEIS E QUE DEVEM SER ESTIMULADAS:

• Plano individual determinando onde e por quem o nascimento será realizado, feito em  conjunto com a mulher durante a gestação e comunicado a seu marido/companheiro
• Avaliação do risco gestacional durante o pré-natal, reavaliado a cada contato com o sistema  de saúde
• Respeito à escolha da mãe sobre o local do parto
• Fornecimento de assistência obstétrica no nível mais periférico onde o parto for viável e  seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante
• Respeito ao direito da mulher à privacidade no local do parto
• Apoio empático pelos prestadores de serviço durante o trabalho de parto e parto
• Respeito à escolha da mulher sobre seus acompanhantes durante o trabalho de parto e  parto
• Fornecimento às mulheres sobre todas as informações e explicações que desejarem
• Oferta de líquidos por via oral durante o trabalho de parto e parto
• Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente
• Monitoramento cuidadoso do progresso do parto, por exemplo, por meio do uso do  partograma da OMS;
• Monitoramento do bem-estar físico e emocional da mulher durante trabalho e parto e ao término do processo de nascimento;
• Métodos não invasivos e não farmacológicos de alívio da dor, como massagem e técnicas de relaxamento, durante o trabalho de parto
• Liberdade de posição e movimento durante o trabalho de parto
• Estímulo a posições não supinas durante o trabalho de parto
• Administração profilática de ocitocina no terceiro estágio do parto em mulheres com risco de hemorragia no pós-parto, ou que correm perigo em consequência da perda de até uma pequena quantidade de sangue;
• Condições estéreis ao cortar o cordão
• Prevenção da hipotermia do bebê
• Contato cutâneo direto precoce entre mãe e filho e apoio ao início da amamentação na primeira hora após o parto, segundo as diretrizes da OMS sobre Aleitamento Materno
• Exame rotineiro da placenta e membranas ovulares

CATEGORIA B - PRÁTICAS CLARAMENTE PREJUDICIAIS OU INEFICAZES E QUE DEVEM SER ELIMINADAS:

• Uso rotineiro de enema
• Uso rotineiro de tricotomia
• Infusão intravenosa de rotina no trabalho de parto
• Cateterização venosa profilática de rotina
• Uso rotineiro de posição supina (decúbito dorsal) durante o trabalho de parto
• Exame retal
• Uso de pelvimetria por Raios-X
• Administração de ocitócitos em qualquer momento antes do parto de um modo que não permite controlar seus efeitos
• Uso de rotina da posição de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto
• Esforço de puxo prolongado e dirigido (manobra de Valsalva) durante o segundo estágio do trabalho de parto
• Massagem e distensão do períneo durante o segundo estágio do trabalho de parto
• Uso de comprimidos orais de ergometrina no terceiro estágio do trabalho de parto, com o objetivo de evitar ou controlar hemorragias
• Uso rotineiro de ergometrina parenteral no terceiro estágio do trabalho de parto
• Lavagem uterina rotineira após o parto
• Revisão uterina (exploração manual) rotineira após o parto

CATEGORIA C -PRÁTICAS SEM EVIDÊNCIAS SUFICIENTES PARA APOIAR UMA RECOMENDAÇÃO CLARA E QUE DEVEM SER UTILIZADAS COM CAUTELA ATÉ QUE MAIS PESQUISAS ESCLAREÇAM A QUESTÃO:

• Métodos não farmacológicos de alívio de dor durante o trabalho parto, como ervas, imersão em águas e estimulação dos nervos
• Amniotomia precoce de rotina no primeiro estágio do trabalho de parto
• Pressão do fundo durante o trabalho de parto
• Manobras relacionadas à proteção do períneo e ao manejo do pólo cefálico no momento do parto
• Manipulação ativa do feto no momento do parto
• Uso rotineiro de ocitocina de rotina, tração controlada do cordão, ou sua combinação durante o 3º estágio do trabalho de parto
• Clampeamento precoce do cordão umbilical
• Estimulação do mamilo para estimular a contratilidade uterina durante o terceiro estágio do trabalho de parto.

CATEGORIA D - PRÁTICAS FREQUENTEMENTE USADAS DE MODO INADEQUADO:

• Restrição hídrica e alimentar durante o trabalho de parto
• Controle da dor por agentes sistêmicos
• Controle da dor por analgesia peridural
• Monitoramento eletrônico fetal
• Uso de máscaras e aventais estéreis durante a assistência ao trabalho de parto
• Exames vaginais repetidos ou frequentes, especialmente por mais de um prestador de serviço
• Correção da dinâmica com utilização de ocitocina
• Transferência rotineira da parturiente para outra sala no início do segundo estágio do trabalho de parto
• Cateterização da bexiga
• Estímulo para o puxo quando se diagnostica dilatação cervical completa ou quase completa, antes que a mulher sinta o puxo involuntário
• Adesão rígida a uma duração estipulada do 2º estágio do trabalho de parto, como por  exemplo, uma hora, se as condições da mãe e do feto forem boas e se houver progressão do trabalho de parto
• Parto operatório
• Uso liberal e rotineiro de episiotomia
• Exploração manual do útero após o parto

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Programa de Humanização do Parto pelo Ministério da saúde


    


      Aqui vão alguns pontos importantes sobre o Programa de Humanização do Parto criado pelo Ministério da saúde.

     O Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento foi instituído pelo Ministério da Saúde através da Portaria/GM n.o 569, de 1/6/2000, subsidiado nas análises das necessidades de atenção específica à gestante, ao recém nascido e à mãe no período pós-parto, considerando como prioridades:

  1. Concentrar esforços no sentido de reduzir as altas taxas de morbimortalidade materna, peri e neonatal registradas no país;
  2. Adotar medidas que assegurem a melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto, puerpério e neonatal;
  3. Ampliar as ações já adotadas pelo Ministério da Saúde na área de atenção à gestante, como os investimentos nas redes estaduais de assistência à gestação de alto risco, o incremento do custeio de procedimentos específicos, e outras ações como o Maternidade Segura, o Projeto de Capacitação de Parteiras Tradicionais, além da destinação de recursos para treinamento e capacitação de profissionais diretamente ligados a esta área de atenção, e a realização de investimentos nas unidades hospitalares integrantes destas redes.

      O objetivo primordial do Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN) é assegurar a melhoria do acesso, da cobertura e da qualidade do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto e puerpério às gestantes e ao recém-nascido, na perspectiva dos direitos de cidadania. O Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento fundamenta-se nos preceitos de que a humanização da Assistência Obstétrica e Neonatal é condição primeira para o adequado acompanhamento do parto e do puerpério. A humanização compreende pelo menos dois aspectos fundamentais. 
  1. O primeiro diz respeito à convicção de que é dever das unidades de saúde receber com dignidade a mulher, seus familiares e o recém nascido. Isto requer atitude ética e solidária por parte dos profissionais de saúde e a organização da instituição de modo a criar um ambiente acolhedor e a instituir rotinas hospitalares que rompam com o tradicional isolamento imposto à mulher. 
  2. O outro se refere à adoção de medidas e procedimentos sabidamente benéficos para o acompanhamento do parto e do nascimento, evitando práticas intervencionistas desnecessárias, que embora tradicionalmente realizadas não beneficiam a mulher nem o recém nascido, e que com freqüência acarretam maiores riscos para ambos.

O Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento está estruturada nos seguintes princípios:

  • Toda gestante tem direito ao acesso a atendimento digno e de qualidade no decorrer da gestação, parto e puerpério;
  • Toda gestante tem direito de saber e ter assegurado o acesso à maternidade em que será atendida no momento do parto;
  • Toda gestante tem direito à assistência ao parto e ao puerpério e que esta seja realizada de forma humanizada e segura, de acordo com os princípios gerais e condições estabelecidas na prática médica;
  • Todo recém-nascido tem direito à assistência neonatal de forma humanizada e segura.
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domingo, 8 de junho de 2014

Humanização do Parto!

     
                                               

      O humanismo tem como princípio não seguir o modelo convencional, elevando a mulher a sujeito, dando-lhe direito a escolhas, valorizando a participação da família e procurando incentivar máximo a participação ativa do acompanhante na hora do parto. A gestação e o parto são processos que geralmente transcorrem sem complicações. Em vista disso, é necessário que o profissional de saúde tenha uma visão crítica, evitando intervenções desnecessárias e potencialmente iatrogênicas.

Humanizar significa respeitar a individualidade da mulher!!!

   De acordo com Diniz e Chacham, "a assistência mais efetiva seria, portanto, centrada nas necessidades das parturientes, em vez de organizada segundo as necessidades de instituições e dos profissionais."

     O modelo de assistência obstétrica que encontramos,hoje, no Brasil, é caracterizado por um alto grau de medicalização e pelo uso abusivo de procedimentos invasivos. A humanização do parto viria como forma de garantir uma assistência baseada na evidência científica e na segurança, e não na conveniência de instituições ou profissionais. Concordando com Prado, humanizar o nascimento é adequá-lo a cada mãe, a cada pai, ou
seja, à família envolvida em cada nascimento. A técnica não pode tornar-se mais importante do que as pessoas envolvidas. O parto deve voltar a ser visto como um processo fisiológico natural e feminino.
    Destaca-se a importância do profissional de saúde na assistência ao pré-natal, parto e puerpério, de forma a instrumentalizar a gestante, tornando-a sujeito ativo em todos os acontecimentos relacionados ao parto. 

    
   Humanizar o parto não significa fazer ou não o parto normal, realizar ou não procedimentos intervencionistas, mas sim tornar a mulher protagonista desse evento e não mera espectadora, dando-lhe liberdade de escolha nos processos decisórios.



    Portanto, a assistência deve ser de forma a respeitar a dignidade das mulheres, sua autonomia e seu controle, garantindo a criação de laços familiares mais fortes e conseqüentemente um começo de vida com boas condições físicas e emocionais ao bebê. Entretanto, vemos que na prática ninguém empodera ninguém.

Referências:
SEIBERT, S.L.; BARBOSA, J.L.S.; SANTOS, J.M.; VARGENS, O.M.C. Medicalização X Humanização: O cuidado ao parto na história. R. Enferm. UERJ.V. 13, 2005. 

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sábado, 7 de junho de 2014

Medicalização do corpo feminino e do parto!

Talvez você já tenha ouvido falar a respeito da medicalização do corpo feminino e do parto. Pois bem! Vamos entender mais um pouco sobre o que é isso e de como ela afetou a autonomia da mulher!!!

    O modelo tecnocrático, conforme descrito por Davis-Floyd, representa a corrente de pensamento convencional que norteia a prática da assistência obstétrica há várias décadas e que surge com a entrada do homem no atendimento ao parto, e com sua institucionalização situando e elevando a mulher na condição de paciente, sem autonomia sobre o seu corpo, separada dos familiares e do próprio filho ao nascer. O parto é encarado como um processo patológico, de caráter intervencionista e biologicista. Nesse modelo, a mulher


perde sua autonomia, deixando o profissional escolher qual conduta seguir. Inúmeros procedimentos tecnocráticos são incorporados como rotina na assistência ao parto constituindo uma prática mecanizada, como o são os procedimentos de tricotomia da região genital, a enteróclise, a episiotomia e a anestesia. Para Vieira que cita Miles, medicalizar significa transformar aspectos da vida cotidiana em objeto da medicina de forma a assegurar conformidade às normas sociais. A posição ocupada pelo Brasil atualmente, como um dos países com as maiores taxas de cirurgias cesarianas, é reflexo do processo de medicalização do corpo feminino que ocorreu e vem ocorrendo ainda hoje.

     Esse modelo também tem como característica a adoção de rotinas rígidas que levam à despersonalização das gestantes e à supervalorização da tecnologia em prol da segurança durante o trabalho de parto, atribuindo à cesariana uma conotação banal, muitas vezes realizada por conveniência dos envolvidos no processo (hospitais, equipe médica, ou mesmo a própria mulher grávida), independente da urgência obstétrica. Diniz e Chacham ao citarThe better birth initiative, ainda salientam que o uso crescente da tecnologia na gravidez também tem como conseqüência o direcionamento da atenção do médico para o feto, deixando a atenção com a mãe em segundo plano.Vemos, também, que muitas medidas tomadas priorizam a higiene pensando em favorecer o indivíduo, ficando esquecidos os aspectos espirituais, psicológicos e sociais das parturientes, além da separação mãe-bebê (berçário) que foi utilizada por muitos anos como forma de aumentar a segurança (ou controle).
    Vieira (1999) descreve que o processo de medicalização do corpo feminino teve início 300 anos antes da institucionalização do parto como evento hospitalar e do estabelecimento da obstetrícia como disciplina médica.
   


Com a crescente medicalização do parto no final do século XIX e por quase um século, o nascimento interessou basicamente aos médicos, que foram por muito tempo os seus principais porta-vozes. Na Maternidade Port-Royal de Paris, no século XIX, as parteiras-chefes continuaram tendo primazia. Contrariamente ao que ocorria na maioria dos hospitais e maternidades francesas e européias, onde os médicos eram empossados como chefes de maternidades, naquela instituição as parteiras mantiveram sua ascendência sobre os parteiros, controlando os partos e sendo responsáveis pela formação de parteiras. Ao longo do século, foram diretoras do estabelecimento e se firmaram como 'verdadeiros cirurgiões', fazendo operações e usando instrumentos, como o fórceps, apesar de proibidos por lei.

    No Japão, o processo também não foi simples nem linear, as parteiras formadas e diplomadas por médicos se colocaram como agentes da medicalização e receberam apoio de diferentes grupos, entre eles as autoridades da higiene, interessadas na introdução dos princípios de assepsia no Japão. Porém, a substituição das parteiras tradicionais pelas medicalizadas não foi imediata: não só coexistiram por muito tempo, como, em algumas regiões, as parteiras diplomadas acabaram fazendo treinamento com as 'desqualificadas' parteiras tradicionais, seja pela falta de lugar para a prática obstétrica, seja para ter acesso a uma clientela fiel e resistente às novas técnicas.
   


Françoise Thébaud discute a medicalização do parto e da maternidade na França, no período entre as duas guerras (1919-1939), quando várias medidas foram tomadas em vista do decréscimo de nascimentos. Foi, então, elaborada uma agenda natalista, com o objetivo de salvar as mães e, sobretudo, as crianças. Ao lado de mudanças nas políticas sociais (como o seguro-maternidade) foram programadas reformas sanitárias visando a diminuir a mortalidade materna e a infantil, destacando-se entre elas a remodelação e a ampliação dos serviços nas maternidades, a transferência dos partos no domicílio para as maternidades e a criação de uma série de outros serviços que iam desde o pré-natal até o desmame. Se tais medidas tiveram repercussão na vida das parturientes e dos bebês, também refletiram na situação profissional das parteiras, que viram seu campo de trabalho invadido não apenas por médicos, mas também por profissionais como enfermeiras, visitadoras sanitárias e assistentes sociais.
    No Brasil, até o começo do século XIX, os médicos só atendiam aos casos mais graves, de doenças mais sérias ou em casos de partos complicados que colocassem em risco a vida da mãe ou da criança. Alguns depoimentos atestam a raridade com que se solicitava a presença de um médico no momento do parto, muitas vezes em virtude do “excesso de pudor” em relação ao profissional homem. De um modo geral, a medicina até então não intervinha muito no aparelho genito-urinário e nas “enfermidades femininas”. O tratamento, quando empreendido por médicos, era mais de caráter clínico e paliativo, especialmente quando se tratava das doenças que se manifestavam mais amiúde nos corpos femininos. Mas, a partir dessa época, o corpo feminino passa a interessar mais aos médicos e os estudos obstétricos tornam-se mais frequentes. Nota-se também uma preocupação maior em modificar e melhorar as condições do ensino e da prática da medicina no Brasil, incluindo a obstetrícia. Em 1809, a Arte Obstétrica passa a ser lecionada na Escola de Cirurgia do Rio de Janeiro e a cadeira de Partos, que constava do currículo das Academias Médicas Cirúrgicas do Rio de Janeiro e Bahia, é integrada definitivamente quando estas se transformam nas prestigiadas Faculdades de Medicina, criadas em 1832. Com as reformas pelas quais passou a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro a partir de 1879, criou-se a cadeira de “Clínica obstétrica e ginecológica”.
    Além disso, investia-se muito na regulamentação das práticas das parteiras mulheres. Já, em 1832, estava criado um curso de partos para que elas aprendessem de acordo com os preceitos da ciência a “correta” maneira de atender às mulheres no momento do parto e os primeiros cuidados com a criança. Passou-se a propagar a ideia das parteiras com certificado concedido pelos médicos. Essas tornam-se as mais legítimas e requisitadas pelas famílias mais poderosas e “civilizadas”. É nessa época que também desembarcam no Rio de Janeiro parteiras francesas formadas em seu país e que traziam novas técnicas e prescrições. Muitas ganham fama e prestígio, gozando de um status pouco comum às mulheres de sua época. Cada vez mais os médicos vão tomando a frente no gerenciamento da saúde feminina e da reprodução. Vão se especializando e investindo no controle das práticas relativas ao corpo feminino. A influência das parteiras é crescentemente defasada. Quando surgem as primeiras maternidades no Rio de Janeiro, as parteiras diplomadas são convocadas ao trabalho, mas sob o controle dos médicos. A autoridade de ginecologistas e obstetras sobre o comportamento das mulheres no final do século XIX ultrapassa em muito o domínio dos consultórios. E principalmente ultrapassa o domínio do físico, do orgânico ou mesmo do psíquico para se instalar no domínio do moral. A crescente especialização médica sobre o corpo feminino aliada ao clima intervencionista mais geral que caracteriza a medicina do século XIX são fatores implicados nesse processo.

   


Referências:

MOTT, M.L.. Parto. Rev. Estud. Fem.,  Florianópolis ,  v. 10, n. 2, July  2002 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-026X2002000200009&lng=en&nrm=iso>. access on  07  June  2014.  

ROHDEN, F. Fragmentos da história da medicalização do parto: da indecência moral ao domínio médico. Rio de  janeiro, FIOCRUZ, 2003. Disponível em: <http://www.coletiva.org/site/index.php?option=com_k2&view=item&id=139:fragmentos-da-hist%C3%B3ria-da-medicaliza%C3%A7%C3%A3o-do-parto-da-indec%C3%AAncia-moral-ao-dom%C3%ADnio-m%C3%A9dico&tmpl=component&print=1>. Acesso em 07 de Junho de 2014

SEIBERT, S.L.; BARBOSA, J.L.S.; SANTOS, J.M.; VARGENS, O.M.C. Medicalização X Humanização: O cuidado ao parto na história. R. Enferm. UERJ.V. 13, 2005. 

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História do Parto!

    Vivemos, hoje, no Brasil, uma situação alarmante, onde o número de partos cesários está entre os mais altos do mundo, podendo ultrapassar 80% dos casos em instituições hospitalares privadas, além da adoção indiscriminada de práticas desnecessárias, atribuindo-se ao parto normal, muitas vezes, uma conotação negativa perante as mulheres. Sabe-se que tanto a mortalidade materna quanto as esterilizações cirúrgicas estão diretamente relacionadas ao uso abusivo de cesarianas no Brasil, e mesmo assim não temos mecanismos eficientes para seu controle e regulação, submetendo mulheres e recém-nascidos a riscos desnecessários.
   
Desenho japônes de 1930. Fonte: google.com.br
O cuidado prestado à mulher durante o processo de parir sofreu muitas modificações através dos tempos, decorrentes da medicalização e institucionalização do parto, dos avanços tecnológicos e do desenvolvimento da medicina. Apesar desses avanços terem correspondido às expectativas de queda da mortalidade materna e principalmente infantil, eles contribuíram para que hoje a parturiente seja a paciente, sem direito sobre o próprio corpo, violada e muitas vezes desrespeitada como ser humano e cidadã – plena de direitos. Ao refletirmos criticamente sobre a dominação do corpo da mulher, percebemos a demarcação do corpo da gestante com nomes médicos, característicos do gênero masculino, sendo eles usados como alguns dos dispositivos simbólicos de dominação. 
    No passado, o parto era acompanhado por mulheres em ambiente domiciliar, por parteiras ou comadres, que eram pessoas de confiança da gestante ou de experiência reconhecida na comunidade, que tinham algum saber acerca dos mecanismos de reprodução. A participação masculina até o século XII era muito pequena, contrária aos padrões culturais dominantes na época, levando a um atraso no desenvolvimento de
uma atividade médica ligada à mulher. A assistência à parturiente era considerada assunto de mulheres, em que as parteiras criavam um clima emocional favorável, com suas crenças, talismãs, orações e receitas mágicas para aliviar a dor das contrações, e os homens apenas realizavam assistência a partos de animais.   Aos poucos a figura masculina começa a surgir no cenário do parto, marcando a forte presença do gênero existente na época. Na idade média, dominada pela igreja, tem início a atuação do parteiro-sacerdote, cuja colaboração era pedida pela parteira nos casos complicados. As parteiras, além de ajudarem no processo de parir, eram benzedeiras que recitavam palavras mágicas para auxiliar no controle da dor e no parto, além de realizar abortos, e serem cúmplices em infanticídios e abandonos, o que deu margem ao descrédito da profissão. A imagem da parteira sempre foi ambígua, podendo ser valorizada ou condenada conforme fica claro na seguinte citação:
"Ela pode ser aborteira ou denunciar mulheres que
 abortam, tornar-se cúmplice de infanticídios ou auxiliar 
a reprimi-los, facilitar o abandono de crianças
ou participar da procura de mães que doam seus filhos."
    Tal ambiguidade levou a uma intervenção do Estado e da Igreja cujos objetivos alegados eram impedir a realização de abortos e infanticídios, coincidindo com as perseguições às feiticeiras, entre as quais muitas eram parteiras que foram queimadas pelas fogueiras da Inquisição, conseguindo transformar sua prática em uma atividade suspeita. Segundo Giffin, a partir do século XVI, essa tradição (partejar) começa a sofrer regulamentações, governamentais ou da igreja, submetendo as parteiras das cidades europeias a exames prestados diante de comissões municipais ou eclesiásticas. Apesar da aproximação médica ao parto no início do século XVI, foi durante os séculos XVIII e XIX que essa prática se desenvolveu, organizou, e se legitimou, em meio aos discursos de exaltação da maternidade. A criação do fórceps, pelo cirurgião inglês
Peter Chamberlain, e o desenvolvimento da técnica, leva a um declínio na profissão das parteiras, permitindo a expressão concreta da intervenção masculina nos cuidados ao pé do leito, e substituindo enfim o paradigma não-intervencionista pelo parto controlado pelo homem. Como meio de facilitar tais intervenções, e sob a influência de François Mauriceau, da escola obstétrica francesa, o parto horizontal também passa a ser adotado. Mais do que qualquer outro instrumento, o fórceps simbolizou a arte da obstetrícia médica, influenciando sua aceitação como disciplina técnica e científica consolidando definitivamente o conceito de que o parto é um evento perigoso. De acordo com Sato e Brito, a partir daí, o parto acabou sendo caracterizado como evento médico, cujos significados científicos aparentemente viriam a ser privado, íntimo e feminino, e passa a ser vivido de maneira pública com a presença de outros atores sociais. No entanto, a competição entre médicos e parteiras estendeu-se durante séculos. As parteiras, não tendo acesso à universidade, portanto, ao conhecimento, foram aos poucos se tornando subordinadas aos cirurgiões e físicos e se afastando gradualmente das práticas obstétricas. O avanço do capitalismo industrial acabou por culminar com o monopólio dos médicos no exercício da obstetrícia. Entretanto, foi necessário todo o século XIX para que fossem desenvolvidas novas técnicas de cirurgia, anestesia e para o uso da assepsia durante o trabalho de parto, e a institucionalização do parto foi fundamental para o desenvolvimento de tais técnicas. Com o aprimoramento do saber médico, o índice de mortalidade materna começou a diminuir, o que contribuiu para a aceitação da hospitalização perante a sociedade. Ter seus filhos em hospitais passou a parecer mais seguro para as mulheres. 
    No Brasil, o desenvolvimento da obstetrícia não se deu de forma distinta da Europa. No período colonial, as parteiras eram detentoras da arte de partejar, possuidoras do saber empírico e praticantes de artes místicas como forma de minimizar o sofrimento das parturientes. Entretanto, no Brasil, a evolução da obstetrícia se deu de forma lenta e gradual, uma vez que dependia da vinda de profissionais estrangeiros ou do retorno de alguns aristocratas que tivessem ido estudar na Europa. Quando a corte portuguesa veio para o Brasil, parteiras francesas formadas foram trazidas pela Faculdade de Medicina de Paris. Além de partejar, elas vacinavam contra varíola, sangravam e tratavam de moléstias do útero. Em pouco tempo, também foram inauguradas as primeiras faculdades do Brasil, incluindo o curso de parteira. Vale ressaltar que todos os professores dos cursos de farmácia, medicina e de parteiras criados eram médicos, e que permaneceram por décadas apenas como um estudo teórico, utilizando-se bonecos para as simulações. Como forma de facilitar o estudo do corpo da mulher, os médicos do século XIX passaram a discursar em favor da hospitalização, da criação de maternidades e a colocar em dúvida a competência das parteiras. Na sociedade colonial, as mulheres tinham seu papel determinado pela vida familiar, vinculado a sua atividade puramente reprodutiva, onde se podia perceber uma tendência pró-natalista, com a igreja fomentando a procriação e atribuindo aos sofrimentos decorrentes do parto uma oportunidade purificadora, redentora dos pecados, para a ressurreição. Giffin e Costa, ao falarem sobre o início da dominação do corpo feminino, na época, relatam que de forma particular e decisiva a igreja teve como grande aliada a medicina. Médicos e padres tinham acesso à intimidade das mulheres, mesmo que com objetivos distintos: um voltado ao cuidado com a alma; o outro, com o corpo. 
    O final do século XIX foi marcado por discussões acerca de a quem competia o cuidado com o parto, e as declarações oficiais afirmavam não ser digno de um médico ou cirurgião tal prática, cabendo-lhes apenas os atendimentos mais graves, onde se necessitava a utilização do fórceps ou a execução de cesarianas. Vale destacar que a posição das mulheres frente ao processo de medicalização não foi propriamente a de vítima. As mulheres de classe mais alta não aceitavam mais sentir a dor do parto e não desejavam correr mais riscos, além de parir com a assistência de um médico significar maior poder aquisitivo de seus maridos. Com isso, a consolidação do processo de medicalização e hospitalização do parto acontece em meados do século XX, juntamente com o surgimento das grandes metrópoles e a criação de hospitais, marcando o fim da feminilização do parto, levando ao predomínio do parto hospitalar, marcado por intervenções cirúrgicas, utilização de fórceps profilático e episiotomias desnecessárias. Durante a história, a medicina adquire o poder de transformar eventos fisiológicos em doenças, representando uma forte influência ideológica na nossa cultura, capaz de tratar a gravidez e a menopausa como doenças, transformando a menstruação em um distúrbio crônico e o parto em um evento cirúrgico.

Referências:
SEIBERT, S.L.; BARBOSA, J.L.S.; SANTOS, J.M.; VARGENS, O.M.C. Medicalização X Humanização: O cuidado ao parto na história. R. Enferm. UERJ. V. 13, 2005. 

Gestação semana a semana! 6ª semana

    A cada semana os sinais da gestação vão ficando mais óbvios. O aumento das náuseas e até as roupas um pouco mais apertadas na cin...