O Ministério da Saúde lançou um protocolo para incentivar o parto normal e reduzir o número de cesarianas desnecessárias no Brasil!!! ( Espero que saia do papel!) Como as indicações de operação cesariana têm despertado divergência de opiniões no País,
propõem-se as Diretrizes para orientar profissionais da saúde e a população em geral sobre as melhores
práticas relacionadas ao tema baseadas nas evidências científicas existentes.
Hoje vim compartilhar com vocês a síntese das diretrizes para a operação cesariana no Brasil. tem dúvidas sobre as indicações reais de cesárea? quer se informar para não cair numa cesárea desnecessária? Então vamos lá:
Diretrizes para a operação cesariana no Brasil
Oferta de
Informações:
É recomendado fornecer informações para as
gestantes durante a atenção pré-natal, parto e
puerpério baseadas em evidências atualizadas, de
boa qualidade, apontando benefícios e riscos sobre
as formas de parto e nascimento, incluindo a
gestante no processo de decisão.
Termo de
Consentimento:
É recomendada a obtenção de um termo de
consentimento informado de todas as mulheres que
serão submetidas à operação cesariana programada.
Quando a decisão pela operação cesariana
programada for tomada, é recomendado o registro
dos fatores que influenciaram na decisão e, quando
possível, qual deles é o mais influente.
Apresentação
Pélvica:
Em apresentação pélvica, e na ausência de contra
indicações (*), a versão cefálica externa é
recomendada a partir de 36 semanas de idade
gestacional, mediante termo de consentimento
informado.
A versão cefálica externa deve ser ofertada às
mulheres e realizada por profissional experiente
com esta manobra, em ambiente hospitalar.
Em situações nas quais a versão cefálica externa
estiver contra indicada (*), não puder ser praticada
ou não tiver sucesso, a operação cesariana é
recomendada para gestantes com fetos em
apresentação pélvica.
A operação cesariana programada por apresentação
pélvica é recomendada a partir de 39 semanas de
idade gestacional. Sugere-se aguardar o início do trabalho de parto.
Na situação de a mulher decidir por um parto
pélvico vaginal, é recomendado que seja informada
sobre o maior risco de morbidade e mortalidade
perinatal e neonatal e que a assistência seja
realizada por profissionais experientes na
assistência ao parto pélvico, mediante termo de
consentimento informado.
Durante a assistência pré-natal, as mulheres devem
ser informadas sobre as instituições e profissionais
que assistem o parto pélvico.
(*) Contra indicações para a versão cefálica externa
incluem o trabalho de parto, comprometimento
fetal, sangramento vaginal, bolsa rota, obesidade
materna, operação cesariana prévia, outras
complicações maternas e inexperiência do
profissional com o procedimento.
Gestação
Múltipla: Em gestação gemelar não complicada cujo primeiro
feto tenha apresentação cefálica, é recomendado que
a decisão pelo modo de nascimento seja
individualizada considerando as preferências e
prioridades da mulher, as características da gestação
gemelar (principalmente corionicidade), os riscos e
benefícios de operação cesariana e do parto vaginal
de gemelares, incluindo o risco de uma operação
cesariana de urgência/emergência antes ou após o
nascimento do primeiro gemelar.
No caso de gestação gemelar não complicada cujo
primeiro feto tenha apresentação não cefálica, a
operação cesariana é recomendada.
Nascimento Pré-termo: Na ausência de outras indicações, a operação cesariana não é recomendada como forma rotineira
de nascimento no trabalho de parto pré-termo em
apresentação cefálica.
Feto pequeno
para a idade
gestacional: Na ausência de outras indicações, a operação
cesariana não é recomendada como forma rotineira
de nascimento em caso de feto pequeno para idade
gestacional.
Placenta prévia: A operação cesariana programada é recomendada
como forma de nascimento em caso de placenta
prévia centro-total ou centro-parcial.
Acretismo
placentário:
Em gestantes com placenta prévia é recomendada a
realização de um exame ultrassonográfico com
doppler entre as semanas 28 e 32 da gestação, ou
antes, se possível, para investigação de acretismo
placentário.
É recomendado que as gestantes com diagnóstico
ultrassonográfico de acretismo placentário recebam
atenção especializada em serviços de referência.
Em gestantes com acretismo placentário, é
recomendado programar a operação cesariana. Nas
situações de suspeita de placenta increta ou percreta,
é recomendado programar a operação cesariana para
as semanas 34-36 da gestação.
No momento da operação cesariana, é recomendada
a presença de dois obstetras experientes, anestesista
e pediatra para o procedimento, bem como equipe
cirúrgica de retaguarda.
É recomendada a tipagem sanguínea e a reserva de
hemocomponentes para eventual necessidade
durante o procedimento. O serviço de referência deve assegurar condições de
suporte para pacientes em estado grave.
Preditores da
progressão do
trabalho de parto: A utilização de pelvimetriaclínica não é
recomendada para predizer a ocorrência de falha de
progressão do trabalho de parto ou definir a forma
de nascimento.
A utilização de dados antropométricos maternos
(por exemplo, a altura materna ou tamanho do pé)
não são recomendados para predizer a falha de
progressão do trabalho de parto.
Infecção pelo
Vírus da
Imunodeficiência
Humana (HIV):
Confirmar a idade gestacional adequadamente, a
fim de se evitar a prematuridade iatrogênica.
Utilizar parâmetros obstétricos, como data correta
da última menstruação, altura uterina,
ultrassonografia precoce (preferencialmente no 1°
trimestre, ou antes da 20ª semana).
A operação cesariana eletiva deve ser realizada na
38ª semana de gestação, a fim de se evitar a
prematuridade ou o trabalho de parto e a ruptura
prematura das membranas.
Caso a gestante com indicação para a operação
cesariana eletiva inicie o trabalho de parto antes da
data prevista para essa intervenção cirúrgica e
chegue à maternidade com dilatação cervical
mínima (menor que 4 cm), o obstetra deve iniciar a
infusão intravenosa de Zidovudina (AZT) e realizar
a operação cesariana, se possível, após 3 horas de
infusão. Sempre que possível, proceder ao parto
empelicado (retirada do neonato mantendo as
membranas corioamnióticas íntegras).
Não realizar ordenha do cordão umbilical, ligando-o imediatamente após a retirada do RN. Realizar a
completa hemostasia de todos os vasos da parede
abdominal e a troca das compressas ou campos
secundários antes de se realizar a histerotomia,
minimizando o contato posterior do recém-nascido
com sangue materno.
Utilizar antibiótico profilático, tanto na operação
cesariana eletiva quanto naquela de urgência: dose
única endovenosa de 2g de cefalotina ou cefazolina,
após o clampeamento do cordão.
Infecção pelo
Vírus da Hepatite
B:
A operação cesariana não é recomendada como
forma de prevenção da transmissão vertical em
gestantes com infecção por vírus da hepatite B.
Infecção pelo
Vírus da Hepatite
C: A operação cesariana não é recomendada como
forma de prevenção da transmissão vertical em
gestantes com infecção por vírus da hepatite C.
A operação cesariana programada é recomendada
para prevenir a transmissão vertical do HIV e
Hepatite C em mulheres com esta co-infecção.
Infecção
pelo vírus Herpes
simples (HSV):
A operação cesariana é recomendada em mulheres
que tenham apresentado infecção primária do vírus
Herpes simples durante o terceiro trimestre da
gestação.
A operação cesariana é recomendada em mulheres
com infecção ativa (primária ou recorrente) do vírus
Herpes simples no momento do parto.
Obesidade: A operação cesariana não é recomendada como
forma rotineira de nascimento de feto de mulheres
obesas.
Profilaxia de
infecção
cirúrgica:
É recomendado oferecer antibioticoprofilaxia antes
da incisão na pele na intenção de reduzir infecção
materna. A escolha do antibiótico para reduzir infecção pós operatória
deve considerar fármacos efetivos para
endometrite, infecção urinária e infecção de sítio
cirúrgico.
Durante a operação cesariana, é recomendada a
remoção da placenta por tração controlada do
cordão e não por remoção manual, para reduzir o
risco de endometrite.
Assistência à
mulher com
operação
cesariana prévia: É recomendado um aconselhamento sobre o modo
de nascimento para gestantes com operação
cesariana prévia que considere: as preferências e
prioridades da mulher, os riscos e benefícios de uma
nova operação cesariana e os riscos e benefícios de
um parto vaginal após uma operação cesariana,
incluindo o risco de uma operação cesariana não
planejada.
É recomendado que as mulheres com operações
cesarianas prévias sejam esclarecidas de que há um
aumento no risco de ruptura uterina com o parto
vaginal após operação cesariana prévia. Este risco é,
a princípio, baixo, porém aumenta à medida que
aumenta o número de operações cesarianas prévias.
Na ausência de outras contraindicações, é
recomendado encorajar a mulher com uma operação
cesariana prévia a tentativa de parto vaginal,
mediante termo de consentimento informado.
É recomendado que a conduta em relação ao modo
de nascimento de fetos de mulheres com duas
operações cesarianas prévias seja individualizada e
considere os riscos e benefícios de uma nova
operação cesariana e os riscos e benefícios de um
parto vaginal após duas operações cesarianas,
incluindo o risco aumentado de ruptura uterina e de
operação cesariana adicional não planejada, e as
preferências e prioridades da mulher, mediante
termo de consentimento informado.
Durante a assistência pré-natal, as mulheres devem
ser informadas sobre as instituições e profissionais. que assistem o parto vaginal após duas operações
cesarianas.
Os profissionais e instituições de saúde devem ter
resguardada sua autonomia em relação à aceitação
ou não da assistência ao parto vaginal após duas
operações cesarianas.
A operação cesariana é recomendada para mulheres
com três ou mais operações cesarianas prévias.
O trabalho de parto e parto vaginal não é
recomendado para mulheres com cicatriz uterina
longitudinal de operação cesariana anterior.
A avaliação ultrassonográfica da cicatriz uterina
pós-cesariana segmentar e pelvimetria não são
recomendadas como rotina em caso de mulher com
uma ou mais operações cesarianas prévias. Em mulheres com operação cesariana prévia e
intervalo entre partos inferior a 15 meses (ou
intergestacional inferior a seis meses), é
recomendado individualizar a conduta relativa ao
modo de nascimento.
Para as gestantes que desejam um parto vaginal
(espontâneo ou induzido) após operação cesariana é
recomendada a monitorização materno-fetal
intermitente e assistência que possibilite acesso imediato à operação cesariana.
Em mulheres com operação cesariana prévia e
indicação para indução de trabalho de parto, é
recomendado o uso de balão cervical ou ocitocina.
O uso de misoprostol para indução do parto em
mulheres com cicatriz de cesariana prévia,
independentemente do número de cesáreas, não é
recomendado.
Cuidado do
recém-nascido: Quando o nascimento ocorrer por operação
cesariana, é recomendada a presença de um médico
pediatra adequadamente treinado em reanimação
neonatal.
Em situações onde não é possível a presença de um
médico pediatra em nascimentos por operação
cesariana, é recomendada a presença de um
profissional médico ou de enfermagem
adequadamente treinado em reanimação neonatal.
É recomendado o clampeamento tardio do cordão
umbilical para o recém-nascido (RN) a termo e pré-
termo com ritmo respiratório normal, tônus normal
e sem líquido meconial.
Nos casos de mães isoimunizadas, ou portadoras de
vírus HIV ou HTLV (vírus linfotrópicos de células T
humanas), o clampeamento deve ser imediato. É recomendado suporte adicional para a mulher que
foi submetida à operação cesariana para ajudá-las a iniciar o aleitamento materno tão logo após o parto.
Ligadura Tubária: É recomendado que o modo de nascimento não seja
determinado em função da realização da ligadura
tubária.
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