sábado, 21 de março de 2015

Preparando o períneo para o parto!


   A mulher recebe a grande notícia: Está grávida!!! Aí ela começa a se cuidar, se alimentar melhor, mudar hábitos, fazer algum exercício físico e preparar o períneo. Certo? Errado! Pelo menos a preparação do períneo sim. Esta parte geralmente é ignorada pelas mulheres por diversos motivos...       Este é um assunto que todas as mulheres, não só gestantes, devem ler e entender. 98% das gestantes que conheço não sabem o que é o períneo, onde se localiza, para que serve... e 100% não tiveram alguma orientação de como prepará-lo para a gestação e para o parto.   
   É obvio que se a gestante não sabe e não tem orientação de sua GO ou da enfermeira do PSF de que é importante exercitar o períneo, ela não vai fazer. E isso irá refletir na duração do parto e provavelmente ocorrerá uma laceração bem maior OUU uma episiotomia! 
 Muitas mulheres só conhecem esse músculo em rodas de gestantes, quando começam o acompanhamento por doulas, fisioterapeutas ou quando pesquisam e descobrem. Na verdade, essa situação me preocupa e muito, pois é de responsabilidade maior de quem está acompanhando o pré-natal da gestante de informar, orientar e ensinar e esse processo não acontece, podendo acarretar grandes transtornos para a mulher.   Então, para tentar amenizar essa situação vou falar hoje tudo o que envolve o períneo para que você conheça e aprenda o que fazer para prepará-lo para o grande momento. 

Prontas para mais um aprendizado??? Vamos começar!!!   

   O períneo é um grupo muscular que fica na base da pelve. Estes músculos são responsáveis pela sustentação dos órgãos pélvicos (bexiga, útero, reto, uretra, vagina e ânus) e pela continência urinária e fecal; sendo também muito importantes para a sexualidade e reprodução. Ele é muito exigido durante a gravidez, por conta do sobrepeso. E no parto, já que o bebê passa através dele para nascer.

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   De acordo com a fisioterapeuta Miriam Zanetti, especialista em assoalho pélvico de São Paulo, o correto seria que todas as integrantes da ala feminina fortalecessem os tais músculos durante a vida inteira, independentemente da pretensão de engravidar. “As meninas deveriam aprender a fazer contrações perineais logo em sua primeira consulta ao ginecologista, para evitar problemas futuros, como a incontinência urinária”, justifica Miriam.  Esses movimentos,  batizados como exercícios de Kegel, fazem a manutenção dos músculos do assoalho pélvico, impedindo que eles enfraqueçam com o passar dos anos.   
   Fatores de risco como obesidade, prisão de ventre, atividades físicas de impacto, sobrepeso da gravidez e o parto podem enfraquecer essa musculatura. Durante a gestação, a musculatura do assoalho pélvico sofre um prolongado teste de resistência. Sustentando, além dos órgãos pélvicos, o bebê, o novo útero e todos os demais anexos embrionários (placenta, cordão umbilical, etc), o aumento de peso varia normalmente de 10 a quase 20 kg (sendo o ideal 11 kg). Neste período, uma musculatura forte oferece maior apoio ao útero, reduzindo a pressão sobre a bexiga e diminuindo as dores lombares, tão comuns às gestantes, especialmente nos últimos meses.  
   O parto é o maior teste de força, resistência e elasticidade para todo o assoalho pélvico, especialmente para a musculatura. Um períneo preparado permite uma recuperação melhor e muito mais rápida.   O trabalho de parto, independentemente de vaginal ou cesáreo, é o maior responsável por lesões do assoalho pélvico que levam a incontinência urinária ou fecal: praticamente todas as mulheres com filhos, após os 50 anos de idade, apresentam algum grau de fraqueza da musculatura do assoalho pélvico. Quando a musculatura está fraca os ligamentos são lesionados e falham em sua função de sustentação. Então os órgãos saem de sua posição natural (descem), ocasionando problemas como os prolapsos genitais e a incontinência urinária, comuns em mulheres em todas as faixas etárias. No entanto, estes problemas são muito mais comuns em mulheres com um ou mais partos.   Por isso, há uma necessidade de constante fortalecimento desse conjunto de músculos para evitar que lesões ocorram, principalmente durante o parto.  

E como preparar o períneo durante a gestação??   
   Existem duas maneiras de preparar a região perineal. A primeira é o fortalecimento, realizado por meio de exercícios de Kegel, Pilates ou Ioga e que deve ser praticado durante toda a gravidez. A outra é o aumento da elasticidade, obtido com a massagem perineal, que pode ser aplicada  após a 32ª semana de gestação - ou por meio do uso de um aparelho dilatador vaginal, normalmente liberado pelo médico na 35ª semana.

Exercício de Kegel:   
   Devem ser realizados ao longo de toda a vida e estão liberados durante a gestação inteira. Serve para fortalecer a musculatura do períneo.Como fazer: contraia a vagina e o ânus, como se estivesse puxando-os para dentro e para cima do seu corpo, sem usar outros músculos (como os do abdômen e das pernas) e sem prender a respiração. Mantenha a musculatura contraída o máximo que puder. Em seguida, vá relaxando, devagar.Ao voltar à posição inicial, empurre os músculos para fora e, então relaxe.Se estiver com dificuldades de reconhecer a musculatura que deve ser contraída, faça o exercício de interromper o fluxo da urina, quando estiver no banheiro. Estes são os músculos que serão exercitados.    Para que seja eficaz, devem ser feitas 3 séries de, pelo menos, 50 repetições cada, no decorrer do dia. Dá até para praticar enquanto estiver digitando no computador, sentada no carro e vendo televisão, por exemplo.

Massagem perineal:   
   Deve ser feita a partir da 32ª semana de gravidez pela gestante ou por seu companheiro o que, aliás, pode ser muito prazeroso e de grande ajuda, já que o tamanho da barriga costuma atrapalhar na hora de fazer sozinha. Serve para aumentar a elasticidade da musculatura.Como fazer: lave bem as mãos, com água e sabão, e encontre uma posição confortável.  A melhor posição para a realização da massagem perineal é a chamada posição ginecológica (a mesma do consultório do ginecologista: deitada da maneira mais confortável possível, pernas afastadas e pés apoiados). Outras posições alternativas são a sentada ou, em último caso, em pé com as pernas afastadas, como na auto-massagem realizada pela própria mulher, por exemplo, durante o banho. Se realizar automassagem é mais fácil utilizar o polegar. Para o companheiro, o mais provável é ser o indicador ou o anelar. Passe algum lubrificante nos dedos antes de começar, os mais utilizados são o óleo de rosa de mosqueta, o óleo de amêndoas doce e o azeite de oliveira. Introduza os dedos na vagina 3-4 cm; Faça pressão para baixo e deslize o dedo pela parede inferior; Mantenha a pressão e sinta a musculatura sendo estendida; Deslize, subindo pelas laterais e fazendo a forma de um U; Finalize com movimentos circulares. Aumente a intensidade gradualmente, para evitar que se machuque. 
   Apenas 10 minutos por dia da massagem já são suficientes para garantir uma elasticidade adequada para o parto.

Dicas: fazer compressas com toalhas mornas no períneo, por 10 minutos, ou tomar um banho quente antes da massagem ajudam a relaxar ainda mais.Evite mexer no orifício da uretra evitar infecções urinárias.

Epi-no:   Trata-se de uma pequena pera de látex que deve ser introduzida na vagina e insuflada até o limite que a gestante suportar. Depois, é só retirá-la devagarinho. De acordo com Miriam Zanetti, o dispositivo pode ser usado diariamente, a partir da 34ª semana de gestação. Apenas alguns minutinhos por dia já são suficientes para alongar a musculatura. Segundo Catia Chuba, mulheres que usam o Epi-no chegam a ter 5 vezes menos riscos de apresentar laceração no períneo durante o parto.  

ATENÇÃO: A realização desses exercícios e o uso do Epi-no requer orientação profissional para que você compreenda melhor como devem ser feitos!!! 

E no pós-parto? O que a mulher pode fazer?   
   Depois que o bebê nasce, os cuidados com o períneo devem ser retomados. Os exercícios de Kegel ajudarão a musculatura a recuperar sua firmeza. Você poderá recomeçar os movimentos cerca de uma semana após o parto normal e, no caso de ter sido submetida a alguma sutura, assim que os pontos caírem. O dilatador também pode ser  bom nessa fase.   As recomendações são igualmente válidas para quem fez cesárea, por conta de todo o peso que o assoalho pélvico precisou sustentar durante os nove meses. Nessas situações, a mulher deve esperar pelo menos 15 dias e só começar a praticar quando não sentir mais desconforto por conta do corte da cirurgia. Mas, sempre com orientação médica.   A obstetra Catia Chuba, de São Paulo, confirma os benefícios do preparo da região perineal para a hora do parto. “Os cuidados com o períneo durante a gravidez facilitam a passagem do bebê pelo canal vaginal, prevenindo a necessidade de uma episotomia”, garante a médica. E aí? Vamos cuidar do nosso períneo??

Fontes consultadas:

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